Quando a escola é de fato das crianças

As paredes do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vulpiano Cavalcante, que fica na Vila Paraíso, em Natal (RN), eram brancas, sem vida. O porteiro que toma conta do CMEI tinha medo de ficar à noite por lá. “Ele fica sozinho e achava tudo muito vazio”, conta a diretora Vanice Vieira, emendando, orgulhosa, que agora o cenário é outro: “As paredes são coloridas e repletas de desenhos das crianças”, comemora. “E isso é fruto das formações do Paralapracá”, afirma.

Para ver de perto as transformações na instituição, a equipe do projeto Paralapracá visitou a escola durante a VIII Formação Paralapracá, realizada na capital potiguar entre 8 e 12 de junho. “A exploração de mundo [um dos eixos formativos do projeto] começou aqui dentro. Nós nos perguntamos o que tinha de atrativo no CMEI e percebemos que o espaço não era atrativo”, relembra Vanice.

As primeiras mudanças foram na recepção, que passou a contar com um espaço de leitura, onde os pais podem ler histórias enquanto esperam seus filhos. As paredes dos pátios e das salas também mudaram, e agora estão repletas de produções das crianças e dos professores. Em toda parte, há penduricalhos e brinquedos. O que era antes refeitório virou um espaço cultural, que também é palco de apresentações coletivas.

“É muito importante o reconhecimento da instituição de educação infantil como lugar onde as crianças constroem e produzem. O lugar é das crianças, e vai sendo constituído no diálogo e em interação com elas”, afirma Selma Bedaque, assessora do projeto Paralapracá em Natal. “Melhor ainda quando as produções das crianças deixam de ser mera decoração, mas significam cenários de experiências vividas que retratam seu jeito de ser, de pensar e de aprender, compartilhado e valorizado por todos da escola, da família e por elas mesmas. As crianças se reconhecem e se sentem cada vez mais seguras onde suas mais diversas formas de expressão estão presentes e são por elas identificadas”, completa.

De acordo com Selma, a formação do projeto Paralapracá coloca a organização do ambiente como parte relevante do currículo da educação infantil, mobilizando coordenadores pedagógicos e professores a refletir sobre os diferentes espaços dos centros de educação infantil como lugar de interação e de ricas experiências para os bebês e para as crianças.

As formações realizadas no CMEI Vulpiano Cavalcante no âmbito do projeto Paralapracá também inspiraram o projeto “Cante, dance e se encante”, que reúne, às sextas-feiras, todas as crianças no espaço cultural, propondo outra forma de ocupar o espaço da escola. Tércio França dos Santos, estagiário do CMEI e compositor de músicas, foi o autor desse projeto. “Eu me inspiro nas crianças para compor, e é muito gratificante vê-las cantando minhas músicas e outras. Fortalecemos nosso vínculo de amizade com as crianças por meio da música”, diz Tércio, que acompanha todas as canções com seu violão.

Conforme explica a coordenadora pedagógica do CMEI, Anne Karoline de Moraes, nos encontros das sextas-feiras, as turmas podem apresentar o que vivenciaram durante a semana. Além de música, o momento abre espaço para teatro, fantoches e brincadeiras. “No início, as crianças tinham muito receio de cantar ou interpretar para todas as outras, e eram as professoras que faziam tudo. Agora, as crianças vão e gostam de se apresentar. As professoras também ficam felizes com a possibilidade de mostrar o que é feito na classe durante a semana”, diz Anne.

Fonte: site Paralapracá.

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