Profissionais da Educação Infantil reconhecem potencialidades da tematização da prática

Para analisar experiências pedagógicas, profissionais da Educação Infantil de Olinda (PE) têm tematizado cada vez mais a prática pedagógica nas atividades de formação continuada, sob a luz de materiais teóricos de referência. Esse resultado veio à tona nos dias 27 e 28 de julho, durante o “Encontro de Troca de Experiências Docente da Educação Infantil”, já em seu terceiro ano de realização, quando profissionais do município trouxeram como tema central o diálogo entre o currículo e as rotinas junto às crianças. A iniciativa vai além do compartilhamento de experiências, pois tematizar é trazer uma reflexão sistematizada sobre a prática socializada.


Coordenadoras pedagógicas e equipe técnica da Rede Municipal de Educação de Olinda, parceira do Paralapracá desde 2013, têm participado das formações do Programa, que acontecem de forma presencial e a distância, e sob a premissa de que uma proposta de Educação Infantil de qualidade inclui rotinas de formação continuada e acesso a materiais pedagógicos de referência para os profissionais que atuam com as crianças.


A integração entre rotinas formativas e referenciais teóricos, com uma base reflexiva, veio à tona nas falas das coordenadoras pedagógicas, que colocaram na roda das discussões do Encontro as experiências brincantes desenvolvidas nos espaços que oferecem Educação Infantil. De acordo com Célia Regina Bastos, gerente de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Olinda, a troca de experiências foi bastante produtiva, uma vez que reuniu contribuições a partir de indagações, validações e questionamentos, utilizando-se da tematização das práticas, por meio de “Escada de Retroalimentação” – uma estratégia usada pela equipe de formadores da Avante, que tem como objetivo evitar julgamentos apressados e opiniões sem fundamento, bem como viabilizar uma interação respeitosa e produtiva nas formações. A Escada de Retroalimentação foi elaborada pela equipe do Projeto Zero da Harvard Graduate School Education (EUA).


“Foi maravilhoso!  O que mais nos encantou foi a qualidade das apresentações das experiências. Percebemos que do último encontro para esse, houve um amadurecimento sobre as concepções de Educação Infantil. Agora é real, a brincadeira faz parte das vidas das crianças nas escolas e CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil), em Olinda. Foi lindo!”, declara Célia Regina.


Aprendendo com as experiências


Durante o Encontro, foram apresentadas e tematizadas 15 experiências da Rede. Da Escola Ebenezer Gueiros, no bairro de Rio Doce, em Olinda, a professora Bárbara Dannielli Campos contou sobre a prática docente em um dos bairros mais populosos e carentes do município. Com poucos espaços disponíveis para a brincadeira e embasada pelas concepções de Vygotsky sobre a importância estruturante do brincar, a educadora precisou organizar ambientes estrategicamente. A sala foi um deles.


Saiba mais sobre Vygotsky 


Se quiser saber sobre a importância da brincadeira para o psicólogo, acesso os textos da Revista Gis
“Meu primeiro passo foi reduzir a quantidade de mesas. Temos vinte e dois alunos nos turnos da manhã e da tarde, respectivamente. Deixei nove mesas com cadeiras, frente a frente, para que quando quisessem sentar, ficassem bem próximos e, dessa forma, ampliei o espaço na sala, criando, também, os cantinhos da fantasia, leitura, brinquedos, jogos e material escolar. O brincar de faz de conta deve fazer parte do tempo pedagógico, pois contribui para o desenvolvimento cognitivo e a criatividade das crianças”, considera Bárbara Dannielli.


A gestora escolar da Secretaria de Educação de Pernambuco, Ana Paula Severo, conta que para potencializar o brincar na Escola Professor Hélio Ferreira Maia, a equipe pedagógica reuniu-se para fazer um planejamento das rotinas brincantes, a partir da observação dessa rotina na instituição e das concepções teóricas sobre o assunto. Ela relata, que a ação docente propôs legitimar um dos pilares que sustenta a práxis pedagógica da Educação Infantil, que é a garantia do direito ao brincar, “considerando a brincadeira na dimensão da cultura, do desenvolvimento da autonomia, da imaginação (simbólico), da criação do lúdico oportunizando-as tomar decisões, explorar, criar, experimentar, transformar, e dar novo sentido às coisas”, disse ao afirmar esse como um eixo estruturador do projeto. Para Ana Paula, a Formação sobre o brincar, no contexto do programa Paralapracá, constituiu-se como um diferencial para o desenvolvimento da rotina brincante.


“Ao longo da formação, pôde-se refletir conjuntamente com toda equipe pedagógica como seriam estruturadas as rotinas brincantes no que se refere à organização do ambiente, à capitalização de recursos pedagógicos, aos materiais didáticos, à sala das crianças e ao planejamento como um todo. As formações presenciais foram realizadas a partir de eixos considerados centrais para o currículo da Educação Infantil, e participou toda equipe pedagógica da escola, como: gestão, coordenadoras pedagógicas, professores formadores, chefes dos departamentos, dentre outros”, revela Ana Paula.


O Programa


O programa Paralapracá é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil, realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, com apoio do Instituto C&A. Nosso trabalho se desenvolve a partir da formação continuada de formadores, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças, nesse segmento, com vistas ao seu desenvolvimento integral. Fazemos isso em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, valorizando, ampliando e fortalecendo os saberes de cada localidade aonde vamos.


O Paralapracá foi lançado em 2010, como um projeto do programa Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional.

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