Por uma política pública da leitura, me deem os livros

Por: Rita Margarete (coordenadora da Linha de Formação de Agentes Culturais da Avante)
Uma notícia recentemente veiculada na imprensa informa que “só 45% dos professores públicos leem por lazer”. Frequentemente são publicados índices sobre crianças, jovens, adultos, profissionais que não gostam de ler, indicadores que as escolas não contribuem como deveriam para formação de leitores, etc. Não entendo porque continuar investindo em pesquisas sobre um assunto tão explorado. Será que se espera mudança espontânea?
Não acredito em tal mudança. Não quando lembro de que 72,5% das escolas públicas brasileiras não têm bibliotecas, que cerca de 40% dos nossos municípios não têm bibliotecas municipais e que as que estão em funcionamento equivalem a 2,67 bibliotecas por 100 mil habitantes no país.
Pesquisa realizada pelo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) mostra que dos 956 municípios que responderam à pesquisa sobre os Planos Municipais do Livro e Leitura (PMLLs), somente dez possuem um PMLL: Alto Alegre do Pindoré (MA), Campo Bom (RS), Campo Grande (MS), Getúlio Vargas (RS), Itaguaçu (ES), Itaóca (SP), Naviraí (MS), Nova Iguaçu (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Santo Antônio de Pádua (RJ). Certamente alguns outros municípios que não responderam a pesquisa possuem o Plano.
Mesmo assim, considerando a quantidade de municípios brasileiros, e sendo bastante otimista, pode-se considerar que apenas 0,5% deles já têm seu PMLL. E pelas bandas de cá, como estamos?
Os soteropolitanos possuem umas cinco bibliotecas públicas funcionando bem. As bibliotecas escolares, tendo em vista as condições de funcionamento das próprias escolas deixam muito a desejar.
Os poucos programas de fomento à leitura desenvolvidos nos bairros, onde a grande maioria dos moradores estuda em escolas públicas, são muito tímidos e atendem minúscula parcela dos moradores. O Plano Estadual do Livro e da Leitura (PELL – BA), desde o ano passado, está sendo produzido por um grupo de pessoas indicadas pelos secretários da educação e da cultura, mas seu andamento não é divulgado. Eu, por exemplo, como integrante da Rede EMredando Leituras, tento incansavelmente um contato com este grupo. Nunca recebi retorno. O Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL – SSA) ainda não entrou na pauta da gestão atual.
Acredito que está mais do que na hora de redirecionar o foco das discussões sobre leitura e formação de leitores. Proponho foco no debate sobre:

  • A ausência de políticas públicas favoráveis ao livro e a leitura;
  • A participação de sociedade civil organizada na elaboração de proposta para políticas públicas, a exemplo do PELL e PMLL;
  • A atuação dos deputados federais baianos que assinaram a frente parlamentar mista do livro e da leitura;
  • A criação da frente parlamentar mista do livro e da leitura – BA;

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