Parceria formador e instituição destaca-se como diferencial no Paralapracá

“Um dos impactos relevantes do primeiro ciclo do projeto Paralapracá foi o reconhecimento das equipes técnicas dos municípios parceiros de que a proximidade entre o formador e a escola é essencial. Isto mudou a relação de várias equipes das secretarias de Educação, que passaram a incorporar visitas regulares às instituições como ação estratégica.” A observação é de Mônica Samia, coordenadora de implementação do Paralapracá, sobre as visitas periódicas realizadas pelas assessoras pedagógicas dos municípios às instituições de Educação Infantil atendidas pelo projeto.

O projeto Paralapracá aposta no fenômeno da reação em cadeia para realizar a formação continuada das equipes técnicas das Redes Municipais de Educação parceiras e dos profissionais da Educação Infantil para influenciar positivamente na prática dos professores e, em última instância, na vida das crianças. E para monitorar o desenvolvimento deste fluxo e dar apoio em especial aos coordenadores (as) pedagógicos (as) para que exerçam sua função de formadores(as), as assessoras realizam visitas técnicas mensais a cerca de oito a dez instituições. Nestes encontros elas acompanham os profissionais que lá atuam: coordenadores, professores, funcionários e gestores, podendo fazer parte delas supervisoras, gerentes e equipe técnica dos municípios.

“Essas visitas técnicas são uma das ações mais importantes do projeto, porque é por meio delas que as assessoras realizam o monitoramento das práticas pedagógicas junto às crianças e os impactos no seu desenvolvimento”, esclarece Fabiola Bastos, coordenadora de monitoramento do projeto Paralapracá. Além de atender ao objetivo do monitoramento, as visitas também têm a função de subsidiar os encontros presenciais de formação. “O potencial formativo dessas visitas é muito relevante, porque é no contato in loco com as coordenadoras pedagógicas que as assessoras podem atender a demandas formativas específicas e apoiá-las no que concerne ao trabalho de cada uma, além de ser uma oportunidade para as assessoras de conhecer de fato a rede, que é o contexto em que a formação está inserida”, explica Mônica Samia.

Ela conta ainda que estes encontros proporcionam a abertura necessária para um espaço de diálogo mais íntimo e que esta proximidade, este tipo de vínculo, é essencial na formação. “A formação é, antes de tudo, um encontro entre pessoas, que precisam desenvolver empatia e ter clareza de que estão em relação para se apoiarem e aprenderem juntas”, explica.

A assessora do projeto em Maracanaú (CE), Iany Bessa, aponta que as visitas oferecem a possibilidade de acompanhar e dar apoio ao trabalho das coordenadoras em seu papel de formadoras junto aos professores, propiciando uma reflexão problematizadora e crítica a respeito das práticas pedagógicas dos profissionais da escola, junto às crianças. “Nesse apoio, vamos oferecendo subsídios para estruturação das rotinas da escola de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, em total sintonia com os eixos do Paralapracá”, diz Iany. A assessora pontua ainda que nas visitas é possível conhecer a realidade das escolas, seus principais desafios pedagógicos, estruturais e sociais. São momentos ímpares com as profissionais, com as crianças e com a comunidade da qual a escola faz parte que favorecem reflexões acerca do papel dos educadores, coordenadores e assessores no projeto.

As visitas são previamente agendadas e planejadas e quem define a pauta são as coordenadoras das instituições, pois elas são consideradas mais aptas a identificar os pontos que necessitam de apoio e suporte. A pauta sempre é relacionada com o tema que está sendo debatido na formação, dentro dos eixos formativos do Paralapracá: Assim se Brinca, Assim se Faz Artes Visuais, Assim se Faz Música, Assim se Faz Literatura, Assim se Organiza o Ambiente e Assim se Explora o Mundo. Rita Margarete, assessora pedagógica do município de Camaçari (BA), explica que as visitas alimentam o planejamento das outras ações de formação e a sistematização de encaminhamentos e sugestões para os desafios identificados em cada instituição.

Para Cida Freire, assessora de Olinda (PE), as visitas têm possibilitado aprendizados e destaca que para ter uma boa relação com as profissionais de Educação Infantil nas instituições de ensino é preciso muita confiança. “Isso se constrói, se aprende e se fortalece no corpo a corpo com as coordenadoras. É preciso ir além dos encontros formativos, é preciso escutar e considerar as demandas das professoras, que sempre estão ávidas para falar de suas práticas e do desenvolvimento de suas crianças; da parceria estabelecida com a diretora, que sempre busca dar vida aos debates e reflexões gerados na formação continuada por meio de ações concretas de mudanças e readequação do que estava instituído”, conclui.

Cida Freire destaca ainda o aspecto lúdico do Paralapracá e como isso influencia nas visitas técnicas. “É importante utilizarmos as cores e sons desse ambiente que recebe as crianças e suas famílias e tematizarmos os encontros formativos. As coordenadoras sabem que estamos falando da realidade delas, não como juízas que declaram alguém culpado ou réu, mas, ao contrário, estamos buscando, juntas, uma forma de humanização dessa relação”, diz.

As visitas técnicas têm constituído uma oportunidade para observar e perceber como a filosofia do Paralapracá tem reverberado no cotidiano das crianças, como também  uma possibilidade de levantar aspectos da qualidade desse atendimento. “Esperamos que o Paralapracá possa realmente ser um diferencial para a Educação Infantil de todos os municípios envolvidos. Aqui do Ceará, eu, como assessora, desejo colaborar da melhor forma possível para que as crianças da Educação Infantil de Maracanaú recebam o melhor! Sabemos de nossa responsabilidade com a educação das crianças e queremos assessorar o Paralapracá de forma a iniciar uma nova história da Educação Infantil dos municípios”, comenta Iany Bessa.

O Paralapracá é um projeto do Instituto C&A, executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, nos municípios: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).  A iniciativa visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. O projeto se desenvolve em aliança com secretarias municipais de Educação e possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de Educação Infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. 

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