Maceió e Paralapracá: uma parceria exitosa de incentivo à leitura

“(Se não for possível, em muitas manhãs) rouba teu filho nas tardes de domingo. E na fala mais simples, conta no ouvido pequeno o segredo das pipas, os caminhos dos duendes, as formas das cidades, o mistério dos amores…”, alardeava o poeta baiano Damário Dacruz a respeito de outros mundos, do afeto, de como comungar a infância. Tem sido assim no município de Maceió (AL), que vem organizando o tempo para tornar rotina a contação de histórias e a leitura e transpor a brincadeira estática das palavras.

O município, parceiro no segundo ciclo do projeto Paralapracá, tem dado cada vez mais importância à atividade da leitura, como explica Ana Cristina Rodrigues, coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves. “Eu tenho visto o incentivo à leitura de uma forma muito positiva, e acredito que essas crianças, se permanecerem com esse foco, vão interpretar com muito mais facilidade, porque a partir do momento que nós gostamos de ler, muito possivelmente vamos gostar de escrever também. E se nós gostamos de escrever, a nossa educação flui, mas de uma forma assim, que não sabemos onde ela vai parar.”

Semana Pedagógica

A experiência de compartilhar valores, cultura, história, imaginação e fantasia por meio das narrações tem um valor ampliado na infância. É o que vem fomentando o projeto Paralapracá, por meio do eixo formativo Assim se Faz Literatura, que apresenta estratégias de contação e leitura de histórias, explorando esse universo narrativo. Em ressonância às formações do Paralapracá, a Secretaria Municipal de Educação de Maceió dedicou a Semana Pedagógica do município ao incentivo à leitura.

O CMEI Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves foi um dos participantes do encontro que antecedeu a Semana Pedagógica. Na ocasião, 110 gestores (diretores e coordenadores pedagógicos), representantes das 55 instituições de educação infantil do município, foram orientados na construção de um planejamento das ações, bem como de um plano de ensino organizado que prioriza a qualidade da aprendizagem para o ano todo, objetivo central da Semana Pedagógica realizada pelas secretarias municipais de Educação. Em Maceió, o evento aconteceu entre os dias 31 de março e 5 de abril e foi dedicado ao incentivo à leitura.

Foi a partir deste encontro que o CMEI do qual Ana Cristina é coordenadora pedagógica criou uma jornada na qual a leitura está inserida em diversos momentos. “Nos momentos de acolhida, as professoras e os alunos têm contato direto com os livros. Nós temos a nossa brinquedoteca, que tem uma biblioteca com livros apropriados para as crianças manusearem nos momentos que elas quiserem. Temos ainda uma contação de história coletiva, na qual, uma vez por semana, as professoras formam um grupo e fazem esse trabalho, usando diversos recursos. Nós estamos aprendendo a contar história. Geisa [assessora pedagógica do Paralapracá em Maceió] tem contribuído muito com este trabalho aqui em Maceió.”

Mas o destaque é a “Sacola Literária”, ou “Sacola Viajante”, uma bolsa confeccionada em TNT, ornamentada pela professora e enviada para casa uma vez por semana, com um livro dentro. A sugestão, segundo Ana Cristina, é que a leitura seja feita em família. No retorno, as crianças contam a história para os colegas numa roda de conversa. As atividades estimulam, além da leitura infantil, o envolvimento das famílias no processo escolar, a oralidade das crianças e o cuidado com o material, que é de uso coletivo.

Paralapracá em Maceió

O Instituto C&A estabeleceu, em 2013, uma aliança com a Secretaria Municipal de Educação de Maceió para a implementação do projeto Paralapracá na rede municipal de educação. Inicialmente, 30 instituições de educação infantil participavam do projeto.

De lá para cá, de acordo com o processo avaliativo do Paralapracá, realizado pela consultoria Move nos municípios, o projeto vem contribuindo para consolidar o papel de formador do coordenador pedagógico. A organização do espaço nas unidades de educação infantil que participam do projeto passou por mudanças e houve uma maior valorização das produções das crianças, além de existirem indicadores de que o projeto colabora com a construção de novas concepções sobre a criança por parte dos professores.

Segundo Ana Cristina, os professores entendem melhor as reais necessidades das crianças dentro dos CMEI, que tipo de atividade deve ser desenvolvida, respeitando a faixa etária, e o que planejar de diferente para atrair a atenção das crianças. “Os professores estão cada vez mais voltados para colocar as crianças no centro das atenções, como foco do trabalho. Tem sido um trabalho bem interessante, contagiante na verdade”, diz a coordenadora pedagógica. E complementa: “O Paralapracá tem nos influenciado diretamente no direcionamento do trabalho que está sendo desenvolvido nos CMEI de Maceió”.

Motivada pela repercussão do projeto no município, a Secretaria Municipal de Educação de Maceió organizou sua agenda para elaborar e lançar, em outubro de 2015, na capital alagoana, o documento de orientações curriculares para a educação infantil.

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