Diálogo entre CAPS e famílias promove cuidados com a Saúde Mental

O que é o CAPS? A que ele se destina? Como e quando dispor desse serviço? Foi para responder a essas e outras perguntas e promover a melhoria da qualidade de vida das famílias da Escola Laboratório da Prefeitura de Salvador (ESCOLAB), de Alto de Coutos, que o projeto Estação Subúrbio – nos trilhos dos direitos, por meio do Balcão Psicossocial, articulou o diálogo entre representantes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a comunidade. O momento, que possibilitou esclarecimentos sobre os atendimentos de saúde, sob uma perspectiva integral, aconteceu em setembro e contou com a presença de Isabela Barros e Maria Célia da Rocha, Assistente Social e Gerente do Centro do CAPS II, respectivamente.

Um dos principais esforços do Estação Subúrbio, como esclarece Deise Nery, assistente social do Projeto, está no seu potencial para “fortalecer os laços de cuidado integral entre as famílias, de modo a continuarem assumindo seus papeis protetivos às crianças e adolescentes”, afirma. Ainda segundo ela, o CAPS II foi convidado por ser uma referência de atendimento em saúde mental no Subúrbio Ferroviário. “O encontro possibilitou a essas famílias conhecer a Rede de Saúde e ter as informações necessárias para ajudar a si e a outras pessoas quando estiverem com situações relacionadas a transtornos mentais”, disse.
A comunidade inteirou-se, por exemplo, da existência de outras modalidades de CAPS, todos ligados à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Ministério da Saúde, e que cada um atende a uma instância específica no campo da saúde mental. O CAPS II presta atendimento a todas as faixas etárias para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atendendo cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.

Durante o encontro, as famílias foram acolhidas com dinâmicas de grupo e, estando à vontade para sanar suas dúvidas, trocaram ideias e informações tanto sobre o CAPS quanto sobre questões a ele relacionadas. Em especial estiveram as temáticas fomentadas pelo “Setembro Amarelo” – campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. A ação do Projeto, por meio do Balcão Psicossocial, mostrou-se uma estratégia importante na promoção de um diálogo sobre essa delicada questão ligada à saúde mental, assunto ainda hoje rodeado de tabus e preconceitos.

Valorização da vida

Entre as famílias mais pobres ainda persistem fortes tabus quanto ao sofrimento psíquico. Ao mesmo tempo, informações oficiais a respeito, sugerem uma ligação correlacionada entre o aumento dessas taxas e o aprofundamento das desigualdades sociais, incidindo, principalmente, sobre a população jovem. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) assevera que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos, além do fato de que 79% dos casos no mundo ocorrem em países de baixa e média renda. Ainda segundo a OPAS, estima-se que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. No Brasil, estima-se que ocorra um caso a cada 45 minutos.
Esse contexto, de fato, pode soar dramático. Mas não necessariamente esse é o único horizonte colocado. Organizações de referência em saúde são taxativos no que se refere à prevenção como forma mais eficiente de afastar o suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 9 em 10 casos podem ser evitados se assumidas medidas preventivas. Acompanhamento adequado, tanto das famílias, quanto dos aparatos de assistência em saúde podem ser essenciais. Por esse motivo, o Projeto Estação Subúrbio procura possibilitar às famílias do Subúrbio Ferroviário condições dignas e autônomas para se fortalecerem diante dessas questões, reconhecerem seus desafios cotidianos e usufruírem dos recursos disponíveis para seu próprio bem-estar.

A distância que ainda existe entre comunidades periféricas e políticas públicas tende a ser amenizada à medida que informações sobre a natureza da instituição, o campo de atuação, o acesso, os profissionais disponibilizados, por exemplo, são levados ao conhecimento público. É dessa forma que, ao realizar uma triagem e encaminhamento das demandas das famílias para serviços públicos, comunitários ou particulares, o Balcão vem promovendo a cidadania e o acesso a direitos no Subúrbio Ferroviário.

Estação Subúrbio

Executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com a organização alemã Kinder Not Hilfe (KNH), o Projeto visa a redução da violência comunitária urbana, sobretudo as que afetam as crianças e adolescentes no Subúrbio Ferroviário de Salvador. O Projeto vai atuar no território até 2021 com ações que visam aumentar o envolvimento de atores da comunidade na defesa dos direitos desse público. Além do Balcão Psicossocial, o Projeto atua no sentido de promover a garantia do direitos de brincar em espaços públicos comunitários, como estratégia de participação e proteção à violência comunitária, com o intuito de promover o sentimento de pertença, ampliar o cuidado com o ambiente e melhorar a qualidade das relações interpessoais.

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