Acompanhamento às instituições potencializa a qualidade na Educação Infantil

Solange Silvestre, gerente de Educação Infantil de Maracanaú (CE), realizou mais um acompanhamento no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) do município, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, e foi recebida pela coordenadora pedagógica da instituição, ansiosa por apresentar a reestruturação do parque infantil, transformado em um espaço ecossustentável.

A iniciativa impactou a integrante da equipe técnica da secretaria municipal devido à mudança positiva na organização do ambiente. Um detalhe, no muro lateral do parque, no entanto, lhe saltou aos olhos e, imediatamente, foi acolhido como uma oportunidade formativa, para retomar um dos princípios do programa Paralapracá: a valorização da produção das crianças.

O muro em questão destoava da proposta de reestruturação do espaço por conter pinturas, feitas por um adulto, de personagens de um desenho animado. “Conversei com a coordenadora pedagógica e fiz a provocação: onde estão as crianças? Esta pergunta bastou para que ela, integrante das formações do Programa, compreendesse onde eu queria chegar. Com grande expertise, a coordenadora apontou a possibilidade de o espaço ser ocupado pela arte das crianças. Em poucos dias, ela nos mandou as fotos das próprias crianças deixando suas marcas arteiras no muro, com muitas cores e vida”, contou Solange Silvestre. Segundo ela, as visitas de acompanhamento às instituições são como um momento estratégico para o fortalecimento da cultura de formação no ambiente escolar e o avanço da tematização da prática, um dos alicerces da proposta do Paralapracá.

Juntamente com a formação presencial e a distância, o acompanhamento é uma ação estratégica na metodologia do Programa. Sua importância reside no fato de se configurar como mais uma oportunidade formativa, dessa vez dentro do contexto da instituição, colaborando para uma gestão mais eficaz, como explicou Mônica Samia, consultora associada da Avante e coordenadora de implementação do Programa. “Entendemos que os encontros de formação não são suficientes quando o objetivo é a melhoria da qualidade do atendimento. É preciso que haja um suporte na ponta, nas escolas.

Entendemos que um desses apoios deve vir das equipes técnicas que, ao efetuarem as visitas com um olhar pedagógico, problematizador, e com atitude colaborativa e parceira, realizam formação dentro da instituição, além de uma ação de acompanhamento das práticas e coleta de insumos para uma melhor compreensão das reais demandas da rede municipal, colaborando para uma gestão mais eficaz”.

Rita Margarete, também consultora associada da Avante e coordenadora de formação do Programa, reforça o caráter de parceria que deve caracterizar as visitas, enfatizando que um olhar atento ao cotidiano da instituição permite à equipe que faz o acompanhamento perceber as dinâmicas e compreender a cultura institucional. “O acompanhamento não se constitui em uma visita de inspeção. A equipe técnica acompanha para que seja possível pensarem juntos os desafios e identificarem soluções”, disse.

Durante o Seminário do Paralapracá realizado em julho, equipes gestoras das redes parceiras relataram que, com as ações do Programa, as visitas de acompanhamento às instituições de Educação Infantil avançaram na perspectiva pedagógica. “Houve uma mudança na compreensão dos gestores em relação ao trabalho mais colaborativo. Hoje vou ao CMEI e fico visualizando o que dizem as orientações [curriculares], o que diz o Paralapracá nas formações e o que está sendo posto na prática. As coordenadoras nos veem como apoio, colaboração e formação. As formações passam pela questão da humanização também. Isso é um ganho, principalmente para as crianças”, afirmou Maria do Amparo Torres, da equipe técnica de Educação Infantil de Maceió (AL).

Segundo dados da pesquisa A Gestão da Educação Infantil no Brasil, desenvolvida pela Fundação Carlos Chagas, em 2011, uma supervisão constante e formativa por parte da Secretaria Municipal de Educação é determinante na qualidade do atendimento que as instituições oferecem.

Formação

Para potencializar e qualificar o acompanhamento às instituições de Educação Infantil, em 2017, após os primeiros anos de ações presenciais, o Paralapracá dedicou um capítulo do Módulo de Gestão, na formação a distância do Programa, no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA Paralapracá, sobre o acompanhamento às instituições de Educação Infantil. A formação está para equipes gestoras das redes parceiras nos municípios de Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).

De acordo com Ana Luiza Buratto, consultora associada da Avante – Educação e Mobilização Social e coordenadora das ações de gestão do Paralapracá, o foco do capítulo é fortalecer o sentido e o valor do acompanhamento para a gestão. “Tratamos da importância da escuta e do olhar sensível em relação ao ambiente e às pessoas. Além disso, buscamos desenvolver a sensibilização para as urgências e a agilidade nos encaminhamentos”. Ana Luiza contou que, ao final do capítulo, as cursistas elaborarão um plano de monitoramento, que busque o fortalecimento de uma relação de parceria entre as equipes técnicas e as instituições de Educação Infantil.

“Valorizar a equipe técnica é importante, validando as ações do dia, estimulando experiências que potencializam a formação de cada uma. Tem coisa que vai além do nosso alcance, daí a importância do diálogo. Essa valorização passa também pela ampliação da equipe. Todo esse movimento que tem sido gerado na rede, no campo da Educação Infantil, com os princípios do Paralapracá, sem a equipe técnica não teria consistência, não se sustentaria. A equipe técnica é o combustível que tem impulsionado esses movimentos”, afirmou Solange Silvestre.

O Paralapracá

O programa Paralapracá é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil, realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, com apoio do Instituto C&A. O trabalho se desenvolve a partir da formação continuada de formadores, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. O Paralapracá acontece em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, valorizando, ampliando e fortalecendo os saberes de cada localidade onde a iniciativa é implementada.

O Paralapracá foi lançado em 2010 como um projeto do Programa Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios em dois ciclos de implementação. No ano de 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional.

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